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Chip hormonal
Mais que estética, uma alternativa como método anticoncepcional
Corpo que Sou – Como você descobriu o chip hormonal?
Débora – Eu fiz lipoaspiração em 2009 e estava com personal trainer na academia. Mais ou menos quatro meses depois, ele me indicou uma nutricionista. Na academia já rolava um bafafá desse chip, as meninas conversavam sobre isso: “fulana de tal é G6, G4”, e eu sem entender bem do que se tratava. Mas eu cheguei até o chip por outra razão...
Corpo que Sou – Qual?
Débora – Eu usava DIU e após o prazo de cinco anos, fui trocar. No segundo DIU eu sangrava todos os dias – tenho ovário policístico. Eu tinha um chefe que era médico e ele me indicou diversas opções de medicação e anticoncepcionais, mas nenhum estava dando certo. Nenhum dos anticoncepcionais mais fortes, que tratavam da questão do ovário policístico, surtiram efeito. Eu fui ficando inchada e sangrando todos os dias, sem parar. Conversando sobre isso com minha nutricionista ela me falou “porque você não tenta o chip?”. Ela também usa. O que eu tinha na cabeça sobre chip era para quem queria ficar “marombada” aí eu falei que para isso eu não ia querer. Daí ela falou “Débora, lá (na clínica) tem pra todo mundo: tem pra meninas que desde novinhas sangram muito, menstruam muito, tem pra quem já entrou na menopausa e está fazendo controle hormonal, etc.”.
Corpo que Sou – Quando você teve a primeira consulta na clínica, você acha que o médico foi claro, esclareceu bem sobre o que se tratava a técnica do chip hormonal?
Débora – A técnica é realizada pelo Doutor Elsimar Coutinho ou pelo Doutor Luiz Carlos Calmon. A cada quinze dias eles vem a Brasília e no meu caso o processo todo se deu com o Dr. Luiz Carlos. Ele é ginecologista, mas não há o contato físico – apenas solicita uma bateria de exames, então a princípio eu estranhei. Mas aos poucos ele conversa e explica todos os detalhes com base no seu intuito de utilizar o chip.
Corpo que Sou – Há alguma indicação por ele do uso do chip para fins estéticos?
Débora – Em nenhum momento que eu estive com o Dr. Luiz Carlos ficou claro que as mulheres que procuram a clínica buscam com ênfase na estética. Ele não vincula o uso de implante a isso. A conversa de quase uma hora me tirou a apreensão de ser um marketing voltado para atrair especificamente esse público. Vi inclusive várias pacientes com perfis distintos – desde meninas de 16 anos a mulheres de 40 anos; de magrinhas a mulheres super saradas, tem de tudo, mas eu acredito que 70% do público é voltado mesmo para objetivos estéticos.
Corpo que Sou – O fato de você ter ovário policístico foi algum impeditivo na avaliação do Dr. Luiz Carlos Calmon, ou essa questão não interferiu?
Débora – Não interfere. Eu acho que inclusive é melhor porque muita gente com ovário policístico tem problema com menstruação e o implante acaba resolvendo. Dizem que o próprio anticoncepcional ajuda a inibir a formação do cisto, porque a pessoa não ovula. Antes de começar a usar o chip meus exames mostravam os cistos, mas agora praticamente não aparecem.
Corpo que Sou – Dependendo do propósito e das características de cada paciente o médico modula uma combinação hormonal?
Débora – Isso, depende do que você quer, qual seu intuito. Quando eu fui pela primeira vez ainda estava com DIU e após todas as explicações eu me convenci a colocar o implante. Após a análise de inúmeros exames e o perfil da paciente, o médico define a combinação hormonal e a enfermeira faz o procedimento. Após um mês, percebendo que o tratamento hormonal estava funcionando, eu tirei o DIU e desde então estou só com o chip. A substituição é feita anualmente, e nesses retornos o médico avalia os resultados obtidos, se a próxima aplicação deve ser modulada com uma combinação hormonal distinta ou mantida. Coloquei o primeiro há cinco anos e desde então fiz quatro trocas. Eu deveria ter trocado o quinto implante em junho, há três meses, mas ainda não retornei à clínica.
Corpo que Sou – Seu propósito principal para colocação do chip hormonal foi por questão de saúde, para solucionar o problema da ineficiência de outros tratamentos anticoncepcionais. Então você diria que a questão da influência estética do chip hormonal foi uma decorrência secundária bem vinda?
Débora – O motivo do implante, no meu caso, não foi forma física, mas a alteração estética foi bem vinda, com certeza. Antes eu sempre tive essa preocupação, eu faço dieta desde os doze anos de idade, fui uma criança mais cheinha. Eu tenho aquele traumazinho de infância, de apelidos, então já venho carregando isso e dietas sempre viveram na minha rotina, principalmente exercícios físicos – minha maior “tara”.
Corpo que Sou – O médico menciona algo sobre manter atividade física? Há pessoas que esperam resultados estéticos apenas com a colocação do chip, ele comentou algo a respeito?
Débora – Não, o médico não faz associações diretas, a não ser que a paciente pergunte. Uma das vezes que eu retornei e meu peso tinha aumentado bastante ele confirmou que meu perfil já tende a ser mais forte, então eu deveria intercalar treinamento de força com aeróbio para dosar a resposta muscular. É claro que os médicos sabem, mas não explicitam que o método é muito usado com essa finalidade.
Corpo que Sou – Você mantem a mesma modulação hormonal desde que iniciou o tratamento?
Débora – Na segunda troca do implante (há três anos), meu nível de testosterona estava muito baixo e aí conversando com o Dr. Luiz ele sugeriu que poderíamos acrescentar esse hormônio. Desde que eu coloquei engordei uns 3 kg mais ou menos, tanto em gordura quanto em massa muscular. Nesse período foi a maior alteração que eu tive. Não digo que gostei porque houve efeitos colaterais: a voz modificou e surgiram pelos no rosto.
Corpo que Sou – Mas o médico te avisou antes que isso poderia acontecer?
Débora – Não, não falou.
Corpo que Sou – Essas alterações parecem te incomodar...
Débora – De um ano pra cá incomodou, mas não associava à testosterona. Só que na última vez que fui trocar o implante, enquanto estava aguardando o procedimento, comecei a reparar uma sonoridade semelhante na voz das meninas que também aguardavam. Elas mesmas comentavam entre si sobre a percepção da mudança. Foi aí que me dei conta do que estava acontecendo comigo. Houve também um período que eu achava que a presença de espinhas na pele se devia à oleosidade, que também é apontada como um possível efeito colateral. Nesse caso os médicos indicam medicação para atenuar a oleosidade ou a retenção de líquidos. No caso da retenção eu usei uma vez, acho que usei por uns dois ou três meses e depois parei, nunca percebi tanto problema de inchaço. O que eu senti do último ano pra cá foi a mudança nítida na voz.
Corpo que Sou – Que outras alterações você percebeu? Há relatos de aumento de irritabilidade, libido, ganho de força nos treinos. Percebeu algo nesse sentido?
Débora – Irritabilidade eu não percebi. A libido vai até o teto, isso de fato foi o que percebi a maior diferença. Quanto ao ganho de força nos treinos eu não notei diferença.
Corpo que Sou – Você disse que está com um atraso de três meses para realizar a substituição por um novo implante hormonal. Você tem sentido diferenças por extrapolar o prazo de um ano com o mesmo chip?
Débora – O último chip que coloquei ainda estava com testosterona e isso foi em julho (do ano passado). Mais ou menos de agosto pra cá, a cada período de uma semana que reencontro alguém, a pessoa comenta que eu estou mais e mais “seca”, então eu devia estar muito inchada. Não fiz nenhuma dieta radical ou mudanças na atividade física que justificassem estar diminuindo esse volume, por isso estou deduzindo que seja uma menor atuação dos hormônios após o prazo da troca ter vencido. Como até hoje não menstruei suponho que o implante ainda esteja agindo, mas em uma dose muito baixa (o médico chegou a comentar que o efeito anticoncepcional do chip era mais duradouro do que as outras funções hormonais). Acredito inclusive que a dose atual seja a ideal em termos estéticos, me sinto na minha melhor forma física desde que comecei o tratamento.
Corpo que Sou – como o chip é aplicado?
É intradérmico mas não é tão profundo, tanto que consigo passar a mão e sentir que tem alguma coisa diferente ali (próximo à região lombar). Quando a enfermeira coloca todos os tubinhos, ela retira a cânula por onde eles passam e não precisa dar ponto nem nada, só coloca um curativo e pronto. O procedimento de colocação é indolor, com anestesia local. Sente-se um pouco só ao retirar o chip porque há uma aderência com o tempo.
Corpo que Sou - Você disse que independente do ganho estético causado pelo implante hormonal, sempre teve um estilo de vida fitness. O que você faz atualmente que julga agregar benefícios à sua forma física?
Débora – Sou bastante disciplinada em termos de atividade física: treino de segunda a sexta aqui, e aos sábados eu faço um treinamento equivalente a ginástica olímpica com o intuito de facilitar a desenvoltura nos exercícios do crossfit. Em relação à alimentação eu sou quase sempre disciplinada.
Corpo que Sou – Você tem filhos ou pretende ter? O médico te orientou em relação a essa questão?
Débora – Não tenho filhos, mas pretendo. O que o Dr. Luiz explicou é que o chip é retirado a critério da pessoa. Tem mulheres que mantem aquele “elemento estranho” inativo no corpo, mas eu farei questão de retirar porque me incomoda a sensação de algo inerte e sem função dentro de mim. Segundo ele, a resposta reprodutiva varia em cada organismo: tem mulheres que tiram e engravidam em um mês, dois meses depois; têm outras que demoraram seis meses, período estimado para realmente todo hormônio introduzido ser eliminado do organismo e o processo de ovulação normalizar. Há mulheres que chegam a engravidar antes mesmo de voltar a menstruar. Eu mesma já tive sinais que iria menstruar e até hoje não aconteceu. Pra mim é ótimo, mas não tenho certeza se estou ovulando ou não.
Corpo que Sou – Fazendo uma análise ampla desses cinco anos, você acha que valeu a pena colocar o chip ou esperava melhores resultados?
Débora – Vale a pena, com certeza. Em termos de custo-benefício para a mulher é excelente. Eu sabia que não seria uma coisa para o resto da minha vida, até porque é algo muito caro – há cinco anos o custo anual de todo o procedimento era de R$ 3.500,00 e hoje está em R$ 5.500,00. Um dia eu devo substituir por outro método, mas por enquanto eu sou adepta.
Corpo que Sou – Você está satisfeita com seu corpo?
Débora – Não, eu nunca estou satisfeita, é complicado alguém estar (risos). Mas talvez seja a fase que eu tenha chegado mais perto de estar.
Entrevista:

Esta é a primeira entrevista do blog Corpo que Sou sobre o chip hormonal. Ele é conhecido por potencializar os efeitos da atividade física e ajudar a alcançar resultados melhores e mais rapidamente. Mas é muito mais do que isto. Esta é uma prévia da Grande Reportagem que será publicada aqui em breve.
A entrevistada é Débora Marândola, paciente que faz uso do chip. Ela tem 34 anos e é dentista. O Corpo que Sou a acompanhou durante seu treino na Academia Oxen – Crossfit, em 27 de setembro de 2016.
A Razão de ser deste blog:
O “Corpo que Sou” é um blog criado por quatro alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário IESB de Brasília-DF. Nosso intuito é postar matérias sobre a busca de um corpo perfeito e discutir questões sobre a subjetividade dos referenciais de beleza, bem como sua relação com uma vida saudável.
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