Entenda o que é o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC)
- Pedro Augusto Nascimento
- 12 de set. de 2016
- 3 min de leitura

Ao olharmos a história da representação da beleza humana, notamos uma variação temporal dos seus critérios. No entanto, a ênfase que se atribui ao padrão estético do presente sugere a ilusória certeza de que o vigente é o ideal. O transitório padrão de belo segue, assim, disfarçado de permanente. Assista a esse vídeo e note como os parâmetros variaram ao longo de tempo. Essa imposição social poderia funcionar como um catalizador do excesso de vaidade, que, por sua vez, traria à tona uma predisposição a transtornos de imagem? É o que investigaremos nesse post.
Ainda que a doença só tenha ganhado visibilidade atualmente, sendo discutida de maneira aberta entre aqueles que sofrem seus efeitos, o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), Síndrome da Distorção da Imagem ou simplesmente Dismorfofobia foi descrita pela primeira vez pelo médico italiano Enrico Morselli em 1886. De acordo com o site AbcMed, o termo dismorfia é uma palavra grega que significa “feiura”, especialmente na face. O TDC, portanto, é uma preocupação obsessiva com algum defeito corporal inexistente ou potencializado em seu julgamento negativo. Essa patologia ocorre com maior frequência entre os adolescentes de ambos os sexos, mas também em adultos, principalmente nas mulheres. O TDC “é constituído por pensamentos praticamente delirantes, com características obsessivas, resistentes a todas as demonstrações objetivas em contrário (opinião das demais pessoas, espelhos, balanças, fotos, etc.), além de serem intrusivos à consciência e em geral acompanhados por rituais, características que são, também, muito semelhantes a pensamentos obsessivos”, ainda segundo o site. Confira nos vídeos “Pessoas que fizeram plásticas muito loucas” e “Modificações corporais bizarras” alguns exemplos extremos de TDC que foram considerados pelos indivíduos como mera excentricidade ou apenas uma necessidade de se atingir uma forma ideal que nunca se concretiza.
Em matéria recente, a revista Veja lista dados que delineiam a extensão da doença: estima-se que o transtorno acomete cerca de 2% da população global – no Brasil, seriam cerca de quatro milhões de pessoas. Estima-se que cerca de 90% dos doentes sofrem de depressão; 48% abusam de bebidas alcoólicas e 32% sofrem de anorexia ou bulimia. A reportagem cita como uma das possíveis explicações de estudos mais consolidados uma origem neurológica para o transtorno: “O cérebro dos pacientes com TDC sofre de um descompasso de substâncias como noradrenalina, dopamina e serotonina, sobretudo nas regiões relacionadas à visão e ao gerenciamento de emoções. Tais compostos estão associados, por exemplo, aos mecanismos de recompensa, ansiedade, motivação e humor”. O psiquiatra Eduardo Aratangy explica que esse tipo de alteração pode elevar o nível crítico da própria imagem, sendo que mudanças hormonais drásticas e a necessidade de aceitação durante a adolescência podem ajudar a deflagrar a doença.
O diagnóstico do TDC torna-se difícil porque a doença se confunde, muitas vezes, com vaidade excessiva. Alguns comportamentos, no entanto, podem revelar ao psiquiatra ou ao psicólogo a sua anormalidade, como adotar atitudes que prejudiquem o cotidiano do indivíduo. A reportagem da revista Veja esclarece que não há medicamentos específicos para o transtorno e o tratamento consiste em antidepressivos associados à terapia. A combinação não elimina a percepção distorcida da própria imagem, mas minimiza os efeitos dos sintomas e o paciente consegue evitar, assim, que eles interfiram em seus compromissos mais relevantes. Em artigo escrito para o site Minha Saúde Online, o Dr. Clement Hajian, defende como tratamento a terapia cognitiva comportamental (TCC). Segundo Hajian, todas essas possibilidades devem antes ser checadas por meio de dados clínicos, anamnese completa, além de exames complementares para ter certeza das melhores opções terapêuticas – sem esquecer os fatores predisponentes ou desencadeantes que levaram a este quadro clínico, o que pode requerer o acompanhamento de especialistas.
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