As crianças que treinam pesado
- Pedro Augusto Nascimento
- 31 de out. de 2016
- 2 min de leitura

Segundo o mapa da obesidade da Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 15% das crianças são obesas no Brasil atualmente. A mídia, estimulando o consumo de alimentação hipercalórica, associada à substituição de atividades físicas por horas excessivas em frente ao computador e games contribuem para esse quadro que preocupa especialistas no mundo todo.
Mas o que dizer de crianças que assumem para si um comportamento radicalmente oposto? Incentivadas pelos pais ou por outros ídolos, elas passam a ter uma rotina de atividades físicas muito mais intensa do que a de muitos adultos, atraindo inclusive outras crianças como suas seguidoras em redes sociais. A inclusão cada vez mais cedo de crianças no mundo fitness seria uma resposta positiva ao preocupante sedentarismo dessa geração ou uma distorção do que deveria ser prazeroso e passa a ser uma obsessão pelo culto ao corpo do mundo dos adultos?
Em reportagem feita pelo programa de TV Câmera Record, alguns casos de “crianças fitness” foram apresentados, tanto no Brasil quanto no exterior. Especialistas se complementaram no que se refere às advertências das práticas de treinos intensos tão precocemente, em contraponto com a opinião dos pais que os apoiam.
A professora de educação física Cláudia Forjaz diz que um dos riscos é a lesão na cartilagem de crescimento, que pode comprometer o desenvolvimento completo que a criança deveria alcançar. O médico ortopedista Miguel Akkari também concorda que não se pode sobrecarregar as articulações e estruturas ósseas fora do momento ideal. Miguel Boarati, psiquiatra infantil, adverte que o reforço do culto ao corpo muito precocemente e a sua superexposição em redes sociais muitas vezes reflete uma necessidade dos pais projetada na criança. Para ele, sem o adequado suporte emocional, esses mini-atletas tendem a ter futuramente mais predisposição à depressão, a quadros de ansiedade, dificuldades sociais e prejuízos escolares.
As matérias feitas a respeito do tema mostram que a presença de crianças em academias não indica necessariamente um prejuízo para elas, mas sim a maneira como as atividades são conduzidas. A prática de exercícios leves, dentro das capacidades e limitações do corpo em formação, pode estimular o hábito da atividade física para a vida toda. Porém, treinamentos físicos intensos, como a dos polêmicos irmãos Stroe, da Romênia, poderiam representar um radicalismo dessa prática.
Paradoxalmente, esse excesso é aceito e estimulado no mundo dos atletas olímpicos. Na mesma reportagem do programa Câmera Record, o ginasta brasileiro Diego Hypólito, bicampeão mundial do solo, diz que, desde os nove anos de idade, treinava quatro horas por dia. Ele afirma que, embora a vontade de se exercitar deve partir da criança, para ser ginasta, a palavra “desistir” não pode fazer parte do vocabulário. É preciso persistência constante desde cedo.
Ficou curioso para ver mais? Acesse aqui o canal do “menino Hércules” Giuliano Stroe da Romênia no You Tube e assista à reportagem sobre crianças fitness abaixo:
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